domingo, 20 de setembro de 2009

Curiosidades da Ratoeira

Curiosidades da Ratoeira

A ratoeira antigamente também tinha homens na roda, não era só de mulheres como se apresenta hoje. Era brincada geralmente nos feriados, aos domingos à tarde, nas festas, nas reuniões de famílias. Era uma forma da gente expressar o que se sentia (amor, satisfação, amizade, tristeza, raiva, etc.). Para iniciar a cantoria fatiava-se uma roda, e os homens também brincavam e jogavam suas quadras para que outro fizesse a réplica.

Homem apaixonado:

Ratoeira não me prenda,

qu'eu não tenho quem me solte;

a prisão da ratoeira

e como a prisão da morte.

Meu amor, meu amorzinho

Beijo de café maduro

Pode rir pode brincar

Que o nosso amor está seguro

Às vezes a roda ficava tão grande que tinha-se que montar outra roda. As quadras sempre eram tiradas de improvisos, sempre havia a obrigação de fazer as quadras com inteligência, jogava-se para a pessoa escolhida na roda, e a mesma tinha de responder com outra quadra. Quando falava-se de amor, de paixão, de amizade, ou gratidão não havia problema, aliás, quando alguém resolvia lembrar algum episódio de alguém da roda e ainda torná-lo público, a roda pegava fogo.

Em muitas ocasiões não se permitia a entrada de certas pessoas...

Eu entrei na ratoeira

Mas não Foi para cantar

Quem o meu coração queria

Na ratoeira não está

De conquista:

Oh! Que coqueiro tão alto

Com dois cocos na ponta

Os olhos dessa menina

tia' correm por minha conta

Ratoeira bem cantada

Faz chorar faz padecer

Também Faz um triste amante

Apartarem bem querer

De lembranças:

A folha de bananeira

Tem direito e tem avesso

Eu te conheço menina

Desde pequena do berço

De despeito:

Meu amor me deixou

Pensa que eu tenho paixão

Não me faltam Deus do céu

Amor não me faltarão

De paixão:

A laranja era verde

Com o tempo amadurou

Meu coração era firme

Veio o teu e me cativou

Oh! Que praia tão comprida

Tão custosa de se andar

Oh! Que olhos de menino

Tão custosos de se amar

De saudade:

Quando canta o rouxinol

Lembra-te da tarde linda

Te recorda do passado

Olha eu te amo ainda

De convite:

Senhora dona'na

Faz favor de entrar na roda

Diga um verso bem bonito

Diga adeus e vá embora

De tristeza:

Quem pudesse estar agora

Onde está o meu amor

Naquele campo sereno

Naquele jardim sem flor

O caminho da minha casa

Já está chefinho de capim

Já se acabou as passadas

Que o meu bem dava por mim

De preocupação:

Minha mãe casai-me cedo

Enquanto sou rapariga

Que o milho plantado tarde

Nunca deu boa espiga


Sara Sary Eldim Campanati

Nenhum comentário:

Postar um comentário