Curiosidades da Ratoeira
A ratoeira antigamente também tinha homens na roda, não era só de mulheres como se apresenta hoje. Era brincada geralmente nos feriados, aos domingos à tarde, nas festas, nas reuniões de famílias. Era uma forma da gente expressar o que se sentia (amor, satisfação, amizade, tristeza, raiva, etc.). Para iniciar a cantoria fatiava-se uma roda, e os homens também brincavam e jogavam suas quadras para que outro fizesse a réplica.
Homem apaixonado:
Ratoeira não me prenda,
qu'eu não tenho quem me solte;
a prisão da ratoeira
e como a prisão da morte.
Meu amor, meu amorzinho
Beijo de café maduro
Pode rir pode brincar
Que o nosso amor está seguro
Às vezes a roda ficava tão grande que tinha-se que montar outra roda. As quadras sempre eram tiradas de improvisos, sempre havia a obrigação de fazer as quadras com inteligência, jogava-se para a pessoa escolhida na roda, e a mesma tinha de responder com outra quadra. Quando falava-se de amor, de paixão, de amizade, ou gratidão não havia problema, aliás, quando alguém resolvia lembrar algum episódio de alguém da roda e ainda torná-lo público, a roda pegava fogo.
Em muitas ocasiões não se permitia a entrada de certas pessoas...
Eu entrei na ratoeira
Mas não Foi para cantar
Quem o meu coração queria
Na ratoeira não está
De conquista:
Oh! Que coqueiro tão alto
Com dois cocos na ponta
Os olhos dessa menina
tia' correm por minha conta
Ratoeira bem cantada
Faz chorar faz padecer
Também Faz um triste amante
Apartarem bem querer
De lembranças:
A folha de bananeira
Tem direito e tem avesso
Eu te conheço menina
Desde pequena do berço
De despeito:
Meu amor me deixou
Pensa que eu tenho paixão
Não me faltam Deus do céu
Amor não me faltarão
De paixão:
A laranja era verde
Com o tempo amadurou
Meu coração era firme
Veio o teu e me cativou
Oh! Que praia tão comprida
Tão custosa de se andar
Oh! Que olhos de menino
Tão custosos de se amar
De saudade:
Quando canta o rouxinol
Lembra-te da tarde linda
Te recorda do passado
Olha eu te amo ainda
De convite:
Senhora dona'na
Faz favor de entrar na roda
Diga um verso bem bonito
Diga adeus e vá embora
De tristeza:
Quem pudesse estar agora
Onde está o meu amor
Naquele campo sereno
Naquele jardim sem flor
O caminho da minha casa
Já está chefinho de capim
Já se acabou as passadas
Que o meu bem dava por mim
De preocupação:
Minha mãe casai-me cedo
Enquanto sou rapariga
Que o milho plantado tarde
Nunca deu boa espiga
Sara Sary Eldim Campanati
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